Psiquiatria: Local e Global

Conhecimentos de Base Recomendados

Conhecimentos básicos sobre a prevalência, impacto e fenomenologia dos comportamentos autodestrutivos.

Noções básicas sobre as relações nature-nature, genética e ambiente.

Noções básicas sobre estigma e doença.

Noções básicas sobre a história da psiquiatria em Portugal.

Métodos de Ensino

Os métodos de ensino incluem exposições teóricas sobre os conteúdos temáticos, com incentivo à participação e discussão dos alunos. Serão utilizados slides, vídeos e/ou outro material pedagógico considerado apropriado aos objetivos da Unidade Curricular.

Resultados de Aprendizagem

Definir comportamentos para-suicidários e suicídio à luz da História, Sociologia e Antropologia. Reconhecer o contributo teórico das ciências sociais para a compreensão do fenómeno suicídio. Apreender elementos clínicos básicos para a avaliação e compreensão dos comportamentos autodestrutivos.
Reconhecimento de uma interação complexa entre genes e ambiente, a múltiplos níveis de análise. Apreensão do conceito de pluralismo integrativo.

Compreender as noções de desvio e estigma, aplicadas a situações de doença.
Reconhecer a experiência subjetiva e o impacto social do estigma associado a uma condição de doença.
Avaliar a importância e efeitos do estigma na relação médico-doente.
Explorar as hipóteses de redução do estigma, no contexto clínico e social.

Conhecimento de alguns elementos relevantes da História da Psiquiatria, em Portugal e no estrangeiro.
Avaliação crítica dos contributos do movimento antipsiquiátrico.
Identificação das principais figuras do movimento alienista.
Reconhecimento da Psiquiatria como disciplina médica emergente

Saúde mental global (Vikram Patel)
Os objetivos da unidade curricular consistem na apreensão de conceitos relacionados com os determinantes sociais da saúde e, em particular, da saúde mental, à escala global. Salientam a importância do stress e das experiências de adversidade precoce. Sublinham o impacto da pobreza, da exclusão e da desigualdade sociais. Contemplam aspetos relacionados com os custos sociais da desigualdade, influenciando as relações sociais, a saúde mental das populações, a esperança média de vida, as possibilidades de educação ao longo da vida, os comportamentos de violência, etc., etc. Com estes objetivos, o estudante deverá reunir competências para explorar criticamente e investigar os determinantes da saúde e das doenças, numa perspetiva global.

Psiquiatria social e cultural: passado, presente e futuro (Manuel Quartilho)
Definir origens e evolução histórica da psiquiatria social e cultural. Identificar principais temas de estudo no passado e no presente. Explorar hipóteses de estudo e investigação nas sociedades contemporâneas.

Estágio(s)

Não

Programa

Comportamentos suicidários (Professor Carlos Saraiva)
1. Conceitos – da sociologia à psiquiatria. 2. História, filosofia e direito. 3. Epidemiologia, investigação e fatores de risco. 4. Modelos biológicos e psicológicos. 5. O para-suicídio. 6. Psicopatologia. 7. Casos clínicos. 8. Tratamento e prevenção.

Genética e Ambiente: os mecanismos da interface biológico-cultural (Professor António Macedo)
As doenças mentais têm vindo a assumir um peso crescente, em termos do peso financeiro que acarretam para a sociedade e da incapacidade e sofrimento para os indivíduos que delas padecem. Assim, a investigação etiológica das perturbações comportamentais e psiquiátricas tem suscitado grande interesse e sofrido um grande desenvolvimento, nomeadamente nas suas vertentes biológicas, na procura de alternativas terapêuticas com maior eficácia. Tendo em conta que as principais doenças psiquiátricas, nomeadamente a doença afectiva e as psicoses apresentam uma considerável hereditabilidade, o investimento nos estudos genéticos destas patologias tem sido considerável. No entanto, ao longo dos anos tem ficado evidente que a clarificação final da variância fenotípica das doenças mentais não resultará de uma explicação exclusiva, seja ela genética ou outra. As doenças mentais são alterações complexas de um sistema igualmente complexo e integrativo. Isto é, as propriedades do sistema nervoso central, quer na saúde, quer na doença, não são inteiramente dedutíveis pelo estudo reducionista das suas partes. A explicação da doença mental tem que ter em conta a integração de múltiplos processos e níveis, incluindo os processos moleculares (e.g. genéticos; bioquímicos) e especialmente os mecanismos de interacção entre estes últimos e os factores ambientais – o que é designado por pluralismo integrativo. Neste módulo procuramos mostrar o estado da arte da investigação genética em psiquiatria, mas colocando a tónica nos mecanismos de interacção e correlação dos aspectos genéticos com os factores sócio-culturais.

Estigma e Doença Mental
1. Noção de estigma nas doenças mentais, numa perspetiva histórica.
2. A relevância da luta contra o estigma para a saúde mental, na atualidade.
3. Meios para desenvolver ações anti-estigma com particular incidência em relação à esquizofrenia.

História da Psiquiatria em Portugal
1. Introdução. História das doenças mentais. História das instituições. Ciências psiquiátricas e suas diferentes conceções. Psiquiatria psicodinâmica e socio-dinâmica. Antipsiquiatria e História da Psiquiatria.
2. História da Psiquiatria em Portugal. Primórdios da Assistência Psiquiátrica em Portugal até ao século XIX. A psiquiatria como especialidade médica. Seu desenvolvimento e institucionalização em Portugal. Principais características dos médicos alienistas. Suas principais figuras. As tendências mais atuais da psiquiatria e psicopatologia.

Sociologia das Migrações

1. Principais teorias das Migrações Internacionais
1.1. Teorias sobre a criação de movimentos migratórios
1.2. Teorias sobre o desenvolvimento e sustentabilidade dos fluxos migratórios

2. As dinâmicas migratórias contemporâneas em Portugal
2.1. Os fluxos de imigração e a sua regulação
2.2. Os fluxos de emigração

3. Processos adaptativos à sociedade de acolhimento
3.1. Assimilação, integração, multiculturalismo
3.2. Determinantes dos processos de integração
3.3. Dimensões e indicadores de integração

Identidade, Comunicação e Cultura (Professor Pio Abreu)
A importância da comunicação na formação da identidade:
Comunicação não-verbal, com especial incidência na comunicação com as crianças.
Comunicação verbal.
Comunicação institucional: As instituições sociais, seus símbolos e rituais como suportes de sistemas de comunicação
Seleção de alguns sistemas socio-comunicativos organizadores da identidade:
1. Sistemas linguísticos; 2. Sistemas religiosos e de seitas religiosas ou sub-culturais ("crendices"); 3. Sistemas profissionais; 4. Sistemas médicos [importância do circuito médico na formação da identidade do doente (ou comportamento de doença)]; 5. Subculturas juvenis, com especial atenção à música; 6. Sistemas locais (familiares, de vizinhança, clubísticos, construções sociais por via de boatos); 7. Sistemas mediáticos modernos (com atenção especial à televisão e revistas tabloides); 8. Importância dos meios de comunicação atuais (telemóveis, mensagens instantâneas, "chats", internet)
Estudo da identidade e suas patologias psicossociais.

Psiquiatria social e cultural: Passado, presente e futuro (Professor Manuel Quartilho)
1. Psiquiatria Social
História e definição de Psiquiatria Social. A natureza social dos sintomas mentais.
Causas sociais fundamentais das desigualdades na saúde.
Dimensões sociais na teoria e prática clínicas
Futuro: saúde mental global e saúde pública
2. Psiquiatria Cultural
Conceitos de cultura.
Psiquiatria comparativa e antecedentes coloniais
Essencialismo cultural e diversidade etnocultural.
Contributos da antropologia psiquiátrica e antropologia psicológica
Futuro: globalização, migração e neurociência social

Saúde Mental Global (Vikram Patel)
O conceito de "saúde global"
Pobreza e perturbações mentais comuns nos países pobres
Questões básicas relacionadas com saúde global
- Contributo das perturbações mentais para a incapacidade e mortalidade
- Interação entre perturbações mentais e outras doenças

Docente(s) responsável(eis)

Manuel João Rodrigues Quartilho

Métodos de Avaliação

Contínua
Trabalho de síntese: 100.0%

Bibliografia

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