Conhecimentos, Sustentabilidade e Justiça Cognitiva

Conhecimentos de Base Recomendados

O/a estudante deve possuir uma formação sólida na sua área de especialidade (especialmente em antropologia, história e sociologia), bem como possuir referências de carácter transversal que o/a capacitem para um percurso transdisciplinar. Deve também ter um domínio das línguas inglesa e portuguesa que o/a habilite a ler textos de grau elevado de complexidade (nível C1 do Quadro Europeu das Línguas).

Métodos de Ensino

Esta unidade curricular funciona em regime de seminário. Um programa pormenorizado será apresentado no início do semestre, contendo uma descrição exaustiva do modo de funcionamento e uma lista completa dos tópicos e textos a serem tratados. As aulas incluem uma parte de apresentação pela professora, seguindo-se apresentações pelos/as estudantes; no final de cada sessão a professora sintetisa os pontos principais. Incluem-se ainda sessões de visualização de audiovisuais, assim como visitas a museus, espetáculos e exposições.

Resultados de Aprendizagem

Esta seminário tem três objetivos centrais: 1) questionar os matizes e usos políticos sobre a construção do ‘conhecimento’ no contexto moderno e a sua relação com o projeto capitalista/colonial/patriarcal, quer no Norte, quer no Sul global, numa perspetiva transescalar; 2) estudar a produção de conhecimento(s) como um dos campos de análise que permite detetar a produção e a reprodução de situações de desigualdade, reguladas pela hierarquia epistémica imposta pelos múltiplos processos coloniais, 3) ampliar o estudo sobre os sentidos e as possibilidades de sustentabilidade e de justiça cognitiva, a partir do (re)conhecimento da diversidade epistemológica do mundo. No final do semestre os estudantes deverão ter consolidado a sua entendimento sobre as noções de do ‘ser’ e do ‘saber’, para, a partir das premissas das Epistemologias do Sul, problematizar a pluriversalidades de saberes e dos contextos de produção epistemológica.

Estágio(s)

Não

Programa

1. (Re)visitando conceitos fundamentais

1.1 Colonialismo

1.2 Capitalismo e a colonização

1.3 Colonialismo e patriarcado

2. Conhecimento do mundo e dos seus conflitos

2.1 Teorizando os problemas do Sul global: os desafios colocados pelas Epistemologias do Sul

2.2 A Universidade Moderna e os seus saberes

2.3. (Re)situando a questão sobre a produção de conhecimento: quem, onde, para quem?

3. As Epistemologias do Sul como possibilidade de traduções epistémicas

3.1 Ampliando o Sul Global

3.2 Das Injustiças Coloniais à Justiça Cognitiva

4. Memórias, lutas sociais e processos de reconciliação em Timor-Leste no contexto da Ásia-Pacífico

4.1 Outras histórias e memórias: construindo uma "ecologia de saberes"

4.2 Práticas Locais de Memorialização

4.3 O longo caminho da reconciliação: os casos de Timor-Leste e Indonésia. 

Docente(s) responsável(eis)

Maria Paula Guttierrez Meneses

Métodos de Avaliação

Avaliação
Periódica ou por exame, a definir na ficha por edição: 100.0%

Bibliografia

Amin, S. (1989), Eurocentrism. London: Zed Books.

Anderson, B. (1983), Imagined communities. London: Verso.

Andrade, M. P. (1998), Origens do nacionalismo africano. Lisboa: D. Quixote.

Blanchard, P.; Bancel, N.; Lemaire, S. (orgs.) (2005). La fracture coloniale. Paris: La Découverte

Cabral, A. (1976), Unidade e luta (2 vol.). Lisboa: Seara Nova.

Cesaire, A. (1978), Discurso sobre o colonialismo. Lisboa: Sá da Costa.

Chakrabarty, D. (2000), Provincializing Europe. Princeton: Princeton University Press.

Mbembe, A. (2014) Crítica da razão negra. Lisboa: Antígona.

Santos, B. S. (org.) (2004), Semear Outras Soluções. Porto: Afrontamento.

Santos, B. S.; Meneses, M. P. (orgs) (2010), Epistemologias do Sul. Coimbra: Almedina.

Shaw, R.; Waldorf, L.; Hazan, P. (2010), Localizing Transitional Justice. Stanford: Stanford University Press.

Thiongo, N. W. (1986), Decolonizing the mind. London: Heineman.

Wiredu, K. (1996), Cultural Universals and Particulars. Bloomington: Indiana University Press.